Recolho meus versos...
Os que despejei aos teus pés
e me devolveste o reverso,
um versejar sem alma, perverso.

Transmuto-me ao inverso...
Deixo de ser eu.
Sou aquela que me perdeu,
que desfez seu pacto com a lua
e o encanto esmoreceu.

E agora, sem poesia, anda nua...
Sem ter porque se inspirar,
a quem amar, onde ancorar.
Anda a esmo...
nem por si mesmo
é capaz de se edificar.

Apago as estrelas...
Seu brilho já não me diz nada.
No céu, a luz apagada
transpassa pela madrugada
varando uma manhã nublada.
Me encolho feito caracol
sem ver o sol...
Só há sombra
e eu...
só.

*Carmen Lúcia*

^^

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